Pães, macarrão, tortas, pizzas, bolos, biscoitos — esses são apenas alguns dos alimentos muito consumidos no mundo ocidental e que têm um ingrediente em comum: o trigo. Porém, um grupo de pessoas descobre, em algum momento da vida, que essas delícias precisam sair de seu cardápio devido ao diagnóstico de doença celíaca.
Mas afinal, o que é a doença celíaca? Esse problema de saúde é semelhante à intolerância ao glúten? Como é feito o diagnóstico e quais os riscos que uma pessoa corre se continuar consumindo trigo e outros alimentos contraindicados para esse grupo? Descubra tudo isso a seguir!
Antes de tudo, o que é o glúten?
Ao falarmos de doença celíaca, inevitavelmente vamos precisar conhecer melhor o glúten. Entenda que proteína é essa.
Embora os cereais sejam geralmente associados ao grupo dos carboidratos, eles também contêm proteínas em sua composição. Em alguns desses cereais, a principal proteína é o glúten.
No entanto, alguns componentes do glúten causam um efeito tóxico no intestino das pessoas com doença celíaca. No trigo, esse componente é a gliadina. Na cevada, a hordeína e, no centeio, a secalina. O malte, que é um sub-produto gerado a partir da fermentação da cevada, também contém traços de glúten.
Em seu estado natural, a aveia não contém glúten. Porém, geralmente ela é cultivada e processada em ambientes onde esses outros cereais são transformados em outros profudos. Por isso, é comum ela sofrer contaminação cruzada e apresentar traços de glúten. Para os celíacos, não é seguro ingeri-la, a menos que o fabricante certifique sua pureza.
Agora, sim: o que é doença celíaca?
A doença celíaca, ou enteropatia sensível ao glúten, acontece quando o organismo não produz uma enzima responsável por decompor essa proteína. Por isso, essa substância tem um efeito tóxico sobre as células de defesa e desencadeia uma resposta inadequada do sistema imunológico, que passa a atacar o próprio organismo, causando um processo inflamatório.
A inflamação danifica as vilosidades do intestino delgado. O dano dificulta ou impede que o organismo absorva os nutrientes dos alimentos, causando uma série de problemas de saúde. Veja na imagem abaixo as diferenças entre o intestino de uma pessoa celíaca e de outra que não enfrenta esse problema:
Quais são os sintomas da doença celíaca?
Os principais sintomas da doença celíaca são diarreia, prisão de ventre, sensação de estufamento, cólica e desconforto abdominal. Ao longo do tempo, devido à incapacidade do intestino lesado para absorver devidamente os nutrientes, a pessoa desenvolve carências nutricionais, anemia e pode perder peso.
A toxidade do glúten para essas pessoas pode se manifestar também de outras formas. Às vezes, surgem lesões ou placas na pele, iguais à que muitas pessoas apresentam quanto têm alergias. Em alguns casos, a anemia se torna tão profunda que exige internação.
Como muitos dos sintomas dessa doença são parecidos com os de outros problemas gástricos, o diagnóstico pode demorar bastante para acontecer. É possível dosar os anticorpos contra o glúten (anti-endomísio e anti-transglutaminase) por meio de exames de sangue. Outra possibilidade é realizar a biópsia do intestino, que identifica inflamações ou atrofia das vilosidades.
Qual é o tratamento para doença celíaca?
A doença celíaca é autoimune, ou seja, é uma deturpação do funcionamento do próprio sistema de defesa do organismo. Assim sendo, não há tratamento. O mais indicado é retirar do cardápio todos os alimentos que contêm glúten, evitando que o intestino seja agredido.
Quais são as consequências da doença celíaca?
Além dos sintomas que já mencionamos, a pessoa que sofre com doença celíaca pode enfrentar os seguintes problemas:
- osteoporose;
- esterilidade ou abortos de repetição;
- morte devido à desnutrição aguda;
- linfomas intestinais;
- câncer no intestino delgado;
- neuropatia periférica.
Nas crianças, a doença celíaca gera ainda outras consequências. Devido à carência de nutrientes importantes para o desenvolvimento, elas podem ter déficits significativos de crescimento, entrar na puberdade tardiamente, além de apresentarem outros comprometimentos físicos e cognitivos.
Por isso, além dos sintomas convencionais, é importante ficar atento a questões como baixa estatura. Também não é incomum elas apresentarem dificuldades de aprendizagem, dores de cabeça frequentes, falta de coordenação muscular e convulsões.
Mitos e verdades sobre a doença celíaca e o glúten
Desde que a doença celíaca e a intolerância ao glúten se tornaram conhecidas, surgiram diversos mitos tanto sobre o problema quanto a respeito dessa proteína, o glúten. Veja quais são os principais!
1. O glúten é um vilão, praticamente um veneno!
Mito. O glúten é um componente natural de alguns alimentos. Ele não é um veneno e tem um papel importante na nutrição, tanto que está presente em diversos cereais.
No caso dos celíacos, o problema é o próprio corpo, que não produz a enzima responsável por processar o glúten. Portanto, é uma deficiência do organismo, e não do alimento.
2. O glúten engorda
Mito. Muitas pessoas acreditam que o glúten engorda porque, ao retirarem esses cereais do cardápio, elas perdem peso. Isso não acontece por causa da proteína. A verdade é que o trigo, por exemplo, está presente em diversos alimentos bastante calóricos.
Assim, ao retirar o glúten da dieta, a pessoa deixa de comer a maioria dos pães, bolos, biscoitos, macarrões, massas, pizzas etc. Logo, haverá uma redução na quantidade de calorias ingeridas, o que resultará em emagrecimento.
3. Viver sem glúten é a melhor alternativa para todas as pessoas
Mito. O glúten não é essencial para a vida, mas também não faz mal para pessoas que não têm doença celíaca e nem intolerância. Para uma alimentação saudável, a melhor alternativa é usar alimentos à base de trigo, centeio e cevada, mas com moderação.
4. Muitos produtos alimentícios contêm glúten
Verdade. Além do trigo, cevada, centeio e seus derivados, o glúten é adicionado a muitos produtos industrializados. Ele ajuda a “dar liga” nas massas e receitas.
Por isso, além dos pães, bolos, massas e outros alimentos que já citamos, o glúten está presente também em molhos prontos, sopas instantâneas, catchup e mostarda de diversas marcas, patês enlatados, achocolatados em pó, embutidos (salames, salsichas etc). Devido ao malte, o glúten também faz parte da composição de muitas cervejas.
Quem realmente não pode ingerir glúten precisa adotar o hábito de examinar cuidadosamente os rótulos dos produtos alimentícios. Essa é a única forma de se certificar de que a composição não traz esse elemento ou traços dele.
5. O intestino nunca mais se recupera
Mito. Felizmente, nossas células se renovam e a mucosa do intestino também se recupera. No entanto, para que isso aconteça, é necessário eliminar completamente o consumo de glúten por um período que varia entre 1 e 2 anos.
6. O cozimento destrói o glúten
Mito. Essa proteína não é destruída pelo calor ou cozimento. Por isso, o glúten continua presente em pães, bolos, pastéis e todos os outros alimentos feitos com os cereais mencionados.
7. Intolerância ao glúten é um problema semelhante à doença celíaca
Mito. Embora a pessoa tenha sintomas parecidos, a simples intolerância ao glúten causa efeitos diferentes no organismo. Além de resultados diferentes nos exames, o intestino não sofre danos, como acontece com o indivíduo que tem doença celíaca.
8. A doença celíaca é um tipo de alergia
Mito. Do ponto de vista médico, a doença celíaca não é uma alergia. Isso acontece porque, em uma pessoa alérgica, a reação acontece logo após o consumo ou exposição ao fator que ativa a ação desenfreada do sistema imunológico. Os sintomas também são agudos, e podem incluir falta de ar e outros transtornos repentinos, às vezes graves ou fatais.
Isso não acontece na doença celíaca. Ela não provoca nenhuma reação instantânea. Pelo contrário, os danos são causados lentamente, de forma silenciosa e, muitas vezes, até mesmo assintomática.
Agora você já sabe o que é doença celíaca e quais são as consequências dela para o organismo. Conhece pessoas que enfrentam esse problema? Então, não perca tempo! Compartilhe este artigo com elas em suas redes sociais e ajude a esclarecer o tema.
Esclarecimentos importantes, obrigado pelas dicas
Muito boa explicação
Muito boa explicação . Gostei pois aumentei meu conhecimento para esta doença