A pandemia de COVID-19 trouxe, até agora, uma perda irreparável à sociedade. Milhões de mortes e colapso econômico são os resultados imediatos da crise. Porém, infelizmente, alguns de seus efeitos serão mais duradouros.
Em seus consultórios, médicos e psicólogos já estão identificando uma outra pandemia — a de transtornos mentais. Entre eles, está o transtorno do estresse pós-traumático.
O que é o transtorno do estresse pós-traumático?
O estresse pós-traumático se apresenta com reações disfuncionais intensas e bem desagradáveis. Elas se iniciam após um evento extremamente traumático.
Muitas pessoas são afetadas de maneira duradoura quando algo muito ruim acontece. Quando os efeitos são persistentes e graves, chegando a debilitar, eles se apresentam como um transtorno.
Os eventos mais propensos a causar TEPT são aqueles que trazem o sentimento de medo, desamparo ou até mesmo horror. Situações de combate, agressão sexual e desastres naturais ou provocados pelo homem são causas comuns para levar o transtorno.
Mas não existe uma regra de situações que podem ou não levar ao TEPT. Qualquer experiência traumatizante como uma violência física ou um acidente de automóvel pode levar ao estresse pós-traumático.
Quais são os sintomas de estresse pós-traumático?
O estresse pós-traumático é marcado por um distúrbio de ansiedade acompanhado de um conjunto de sinais e sintomas físicos, psíquicos e emocionais. Para quem sobre com o TEPT, toda vez que o trauma é lembrado, a pessoa revive o episódio como se ele estivesse acontecendo naquele momento.
Ela tem a mesma sensação de dor e sofrimento provocada pela situação que aconteceu no passado. Essa recordação é conhecida como revivescência e desencadeia alterações neurofisiológicas e cognitivas.
Os sintomas não aparecem instantaneamente após o trauma, eles podem levar anos para se manifestar e também podem atingir pessoas de qualquer faixa etária. Eles costumam ser agrupados em três categorias:
1. Reexperiência traumática
Quem sofre desta categoria de TEPT tem pensamentos recorrentes e intrusivos que levam a lembrança do trauma. Também existem casos de pesadelos e flashbacks.
2. Esquiva e isolamento social
Quem enfrenta esses sintomas costuma fugir de situações, atividades e contatos que possam reavivar as lembranças dolorosas do trauma.
3. Hiperexcitabilidade psíquica e psicomotora
Nesses casos os sintomas são sudorese, tonturas, dor de cabeça, distúrbios do sono, taquicardia, dificuldade de concentração, irritabilidade, hiperventilação, entre outras coisas.
Que situações desta pandemia desencadeiam o TEPT?
Um artigo publicado pela revista científica The Lancet analisou a relação entre a Covid-19 e a mente das pessoas. Essa ligação é delicada e tem exigido muitos estudos para ser compreendida.
Segundo o estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, 18% dos pacientes infectados com a Covid-19 desenvolvem uma doença mental em questão de três meses. Entre as doenças mais comuns nesses casos estão a demência, ansiedade, insônia e a depressão.
Outro estudo publicado na revista científica Molecular Psychiatry indicou que o transtorno de estresse pós-traumático pode ser um grande problema de saúde mental pós-pandemia com a prevalência de 22,6% dos casos de problemas mentais.
As situações geradas pela pandemia da Covid-19 implicam em diferentes intensidades de ansiedade. São diferentes momentos que envolvem isolamento, incertezas econômicas, risco de morte, estresse diante de internações prolongadas, intubação, medo pela vida de pessoas queridas, medo de perder a própria vida, entre outros fatores de estresse.
Diante deste cenário, cada pessoa processa dores e perdas de maneira diferente. Para os profissionais da saúde, acompanhar os pacientes e ter que lidar com o ambiente hospitalar pode desencadear alto nível de estresse.
Já para as crianças, a quarentena que as distanciou dos amigos, escola e programas sociais pode ser traumático.
Não podemos olhar apenas para as consequências do período de pandemia, mas também para o retorno à “realidade” ou pós-trauma. É provável que muitas pessoas revivam os medos e situações traumatizantes experimentados durante o último ano.
Toda essa situação está levando profissionais a reverem o diagnóstico de transtorno do estresse pós-traumático. Até antes da pandemia, eles atribuíam esse diagnóstico a quem sofreu um evento passado. Portanto, na definição clássica, ele não se aplicaria a uma pandemia em curso.
No entanto, o alto número de pacientes que apresentam esses sintomas está mudando a definição da doença. O tratamento tem sido iniciado assim que a pessoa recobra a consciência, nos casos em que há intubação. Muitas vezes, a família também precisa de um atendimento diferenciado.
Qual é o tratamento para o TEPT?
O transtorno pós-traumático que deve acompanhar o encerramento da pandemia é uma preocupação de saúde pública. Para lidar com tudo isso é necessário monitoramento apropriado, apoio social e acompanhamento de longo prazo.
É importante que o tratamento de transtornos mentais combine terapias específicas com mudanças no estilo de vida. Sem dúvida, a psicoterapia tem um papel fundamental para a recuperação do paciente.
A psicoterapia é uma importante ferramenta não apenas para combater o estresse pós-traumático, mas também para fechar o diagnóstico do transtorno. Só com uma definição precisa a pessoa terá o tratamento apropriado.
Na terapia é possível identificar o evento traumático, assim como acompanhar suas reações do corpo e da mente. Com técnicas de relaxamento e enfrentamento da ansiedade é possível repensar e tornar a mente melhor preparada para lidar com essas lembranças.
Porém, o que acontece com todo o organismo tem um grande impacto sobre a mente. Portanto, como já mencionamos, é importante fazer mudanças no estilo de vida.
Com uma boa alimentação, o corpo obtém nutrientes que equilibram a microbiota intestinal e favorecem uma boa saúde mental. Assim, é possível contribuir para melhores resultados no tratamento médico.
Alimentos com alto teor de açúcar, cafeína, chocolate e álcool parecem ser promotores do bom humor. Porém, na verdade eles são responsáveis por desencadear pioras nos quadros depressivos, estando entre os maiores promotores do estresse.
Já o consumo variado de verduras, frutas e legumes garante o suprimento das vitaminas e minerais que nosso corpo precisa, contribuindo positivamente para o tratamento de transtornos mentais.
É importante lembrar que a alimentação não deve ser a única ferramenta no combate ao TEPT. Outros hábitos de saúde como a prática de exercícios físicos, descanso adequado, exposição ao sol e ingestão de água são ferramentas importantes e devem acompanhar o tratamento com profissionais.
Em alguns casos também é indicado o uso de medicamentos, mas sempre com acompanhamento de um profissional psiquiatra. Um erro muito comum dos pacientes é acreditar que o remédio solucionará o problema. Isso definitivamente não é verdade.
O medicamento só anestesia a sensação imediata de dor emocional. Ele tranquiliza momentaneamente. Porém, é com a psicoterapia que o paciente desenvolve estratégias para identificar os gatilhos e canalizar sua resposta emocional, o que lhe permitirá enfrentar as situações da vida e superar o trauma.
É importante lembrar também que os bons hábitos de saúde e o acompanhamento psicoterápico podem evitar a necessidade do uso de medicamentos.
Como cuidar da saúde após uma internação traumática?
Depois de uma situação traumática, é necessário parar para cuidar de você, reestruturar o corpo e ganhar novas energias. Reestabelecer a saúde mental é tão importante quanto recuperar a força física e a imunidade.
Na Clínica & SPA Vida Natural, nós temos um programa que atende todas as necessidades de um paciente pós-COVID — o Programa Reabilitação. Nele, você terá o fortalecimento da imunidade, fisioterapia motora e respiratória, além de atendimento psicológico incluso.
Você já teve algum sintoma relacionado ao transtorno do estresse pós-traumático? Este pode ser um bom momento para dedicar um pouco mais de tempo para cuidar do seu corpo e da sua mente. Para continuar aprendendo sobre como melhorar sua saúde física e mental, assine nossa newsletter! É só clicar no banner abaixo!