Setembro é o mês da prevenção ao suicídio. Porém, este deve ser um cuidado de cada dia. Aprenda a identificar sinais de perigo nas pessoas que você ama e como ajudá-las.
A dor que o suicídio provoca é inigualável. Quase todos nós já vimos um familiar querido morrer devido a uma doença longa que causou muito sofrimento. Também perdemos pessoas abruptamente em acidentes de trânsito ou pela violência. Recentemente, uma pandemia causou um número absurdo de mortes.
Todos esses eventos são extremamente dolorosos. No entanto, nenhum deles se iguala à dor causada pelo suicídio. Quer a pessoa tenha dado inúmeros sinais de que não estava bem, quer a morte seja uma grande surpresa, ambas causam dor extrema.
Para quem nunca passou por essa situação, pode parecer que é uma morte como todas as outras. Mas não é. O fato de uma pessoa escolher terminar a própria vida é contrário à nossa natureza. Naturalmente, fazemos tudo para nos proteger.
Afinal, se você estiver dirigindo um carro e outro veículo desgovernado vier em sua direção, instintivamente você puxará o volante para tentar escapar. A ação é tão rápida que ocorre antes mesmo de você pensar, pelo menos racionalmente falando. Fomos programados para lutar pela vida.
Então, o que faz uma pessoa decidir que, contrariando esta programação, é melhor morrer? O que torna sua permanência aqui tão dolorosa a ponto de optar por este término?
É inevitável que família e amigos se sintam culpados, embora não sejam. “E se eu tivesse feito isso”. “E se eu não tivesse saído de perto”. “E se eu… se… se… se…
Para não vivermos esta dor, é importante aprendermos a reconhecer alguns sinais de perigo e sabermos como ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade. É esse o nosso objetivo neste artigo.
Aprenda a identificar sinais de vulnerabilidade
Algumas pessoas realmente não dão nenhum sinal de que estão planejando seu fim. No entanto, em grande parte dos casos, as atitudes revelam que existe uma intenção terminal.
Alguns sinais que devem chamar nossa atenção são:
Surgimento ou agravamento de problemas de conduta
Caso uma pessoa com a saúde mental já abalada manifeste problemas de conduta por pelo menos duas semanas, fique atento. Às vezes, essas manifestações surgem de forma verbal.
Um dos problemas é que, por falta de conhecimento, a família ou os amigos próximos tendem a interpretar esse sinal como ameaça ou chantagem emocional. No entanto, trata-se de um alerta para risco real. Para prevenir o suicídio, precisamos ficar atentos a elas.
Expressão de ideias ou intenções suicidas
Falar sobre a possibilidade de encerrar a própria vida é um sinal de alerta que não deve ser ignorado.
Fique atento a falas como “Eu sei que estou incomodando, mas logo vou deixar vocês em paz”, “Eu preferiria dormir e nunca mais acordar”, “Tudo que eu queria era desaparecer para sempre”, pois indicam um risco altíssimo.
Pesquisas sobre o tema na internet
Muitas pessoas que colocam um fim à própria vida pesquisam sobre o tema na internet. Elas buscam informações sobre o que fazer para que a tentativa não seja falha.
Então, se a sua família utiliza um equipamento compartilhado, como um computador, procure visualizar o histórico de buscas. Isso pode ser fundamental para evitar a concretização do plano.
Conversas frequentes sobre a morte
Você concorda que, para a maioria de nós, o tema morte entra em pauta em algumas conversas, mas não costuma ser tão frequente?
Isso não é o que acontece com pessoas que estão pensando em cometer suicídio. Elas podem falar sobre esses temas mais do que o comum.
Mesmo que elas não falem especificamente sobre morte ou suicídio, fique atento a conversas que frequentemente reafirmam a falta de esperança, baixa autoestima, visão negativa da própria vida e do futuro.
Fique atento também à manifestação desse tipo de ideias de outra forma, como através de um diário, desenhos e, atualmente, posts em redes sociais.
Isolamento
Vivemos em uma época em que as pessoas tendem a viver mais isoladas, o que se acentuou depois da pandemia. No entanto, quando a pessoa não se interessa por nenhuma atividade social, isso é preocupante.
Se a pessoa se isola em casa e até mesmo no próprio quarto, evita amigos, atividades esportivas e se mostra avessa a qualquer interação social, fique em alerta.
Preparação para a morte
Algumas pessoas, especialmente aquelas que possuem bens ou responsabilidades, começam a se preparar para a morte.
Elas doam bens, quitam dívidas e até mesmo procuram uma reconciliação com quem tiveram desentendimentos do passado, como se quisessem deixar “tudo em ordem”.
Abuso de substâncias
O aumento, especialmente repentino, do uso de álcool e drogas pode ser um sinal de alerta importante que indica a necessidade de prevenção ao suicídio. Não o ignore.
Crises temporárias
Ao vivenciar determinadas situações, algumas pessoas se tornam mais propensas ao suicídio, mesmo que este ato sequer passasse pela cabeça em condições normais.
Essas situações podem ser uma crise econômica muito forte, desemprego prolongado, agressões psicológicas ou físicas, conflitos familiares intensos, luto, doenças incapacitantes ou que provocam dor etc.
Então, se você tem uma pessoa querida nessas condições, vale a pena redobrar a atenção neste período.
Presença de fatores de risco
A presença de determinados fatores de risco é um indicativo de que determinadas pessoas necessitam dessa atenção de forma mais constante. Para a prevenção ao suicídio, é preciso ficar atento a elas.
Alguns desses fatores são o histórico de tentativa de suicídio, transtornos mentais como depressão, transtorno de bipolaridade, abuso de substâncias químicas e esquizofrenia, conflitos familiares ou processos de luto.
Porém, é importante destacar que esses sinais não devem ser considerados isoladamente. Alguns deles podem representar uma característica típica daquela pessoa, algo que ela pratica desde a infância.
No entanto, precisamos ficar atentos principalmente quando ocorre uma mudança de comportamento ou quando esses sinais são acompanhados de sofrimento ou se manifestam ao mesmo tempo.
Atue na prevenção ao suicídio
Em primeiro lugar, a prevenção ao suicídio começa com as nossas atitudes. Aceitar que uma pessoa querida pode dar um passo irreversível como este é difícil. Por isso, a nossa tendência é minimizar ou negar os fatos.
Embora este seja um mecanismo de defesa, precisamos superar esta barreira interna para podermos ajudar. No próximo post, falaremos sobre como abordar uma pessoa que você considera estar em perigo. Assine a newsletter para não perdê-lo.

Para mais informações sobre o tema, consulte também:
https://www.setembroamarelo.com/
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/suicidio-prevencao