Nossos hábitos alimentares vão muito além do que escolhemos comer para suprir uma necessidade física. O que escolhemos para fazer parte da nossa dieta está sempre relacionado aos nossos hábitos e comportamentos. Por isso, é tão importante falarmos de nutrição comportamental.
Muitas pessoas comem o que não deveriam ou consomem uma quantidade de alimento inadequada às suas necessidades. Em alguns casos, falta conhecimento a respeito de uma boa alimentação.
Porém, mesmo entre as pessoas que conhecem os princípios da alimentação saudável, existe uma grande dificuldade: a mudança de hábitos e de comportamentos.
A proposta da nutrição comportamental é ajudar os indivíduos a identificarem, refletirem e mudarem seu comportamento em relação à alimentação.
O que é a nutrição comportamental?
A relação com a comida leva muitas pessoas a apresentarem problemas comportamentais. Entre os principais estão o comer compulsivo, a dificuldade de emagrecer ou perder peso e o sentimento de culpa após uma refeição.
Esse comportamento pode ser rotineiro e parecer normal, mas, se não for tratado de maneira adequada, pode levar ao desenvolvimento de distúrbios alimentares mais graves.
Para lidar com questões como essas, uma nova área de conhecimento da nutrição ganhou muita força — a nutrição comportamental.
O estudo do comportamento das pessoas em relação aos alimentos considera aspectos culturais, psicológicos, fisiológicos e emocionais. Esse tipo de abordagem se desprende da prática de basear-se apenas nos valores nutricionais da comida.
A nutrição comportamental aposta em um tratamento mais pessoal, buscando auxiliar as pessoas e dando a elas autonomia. A ênfase está nas noções de fome e saciedade, buscando a alimentação de forma mais consciente.
A perda de peso imediata não é o principal objetivo desta nutrição, mas recuperar o prazer em comer, fugindo da linha das outras dietas rígidas e tradicionais.
Por mais que o prazer da alimentação esteja em foco, o principal objetivo é buscar uma orientação que vá funcionar de maneira pessoal a cada indivíduo, entendendo sua relação com o alimento.
O emagrecimento começa quando a pessoa aprende a identificar suas emoções e não apenas buscar conforto ou consolo nos alimentos.
Qual é o grande desafio da nutrição comportamental?
Na verdade, o desafio não se restringe à nutrição comportamental. Atualmente, estimular as pessoas a manterem um peso saudável é uma questão prioritária de saúde pública.
Os dados da Organização Mundial da Saúde mostram que 2,3 bilhões de pessoas estão com sobrepeso ou obesidade em todo o mundo.
Os quilos a mais vão muito além da aparência. Os números da Organização das Nações Unidas, a ONU, mostram que a obesidade está contribuindo para quatro milhões de mortes todos os anos.
No início de 2020 existiam cerca de 672 milhões de adultos obesos em todo o mundo. Os números de crianças e adolescentes mostram que o problema não atinge apenas os mais velhos, pois cerca de 338 milhões deles sofrem da doença.
Mas quando se fala de obesidade, o problema não é apenas o que se vê no espelho ou na balança. O excesso de peso torna o corpo vulnerável para o desenvolvimento de outras doenças como inflamações, problemas respiratórios, do coração e, até mesmo, o câncer.
Mas engordar demais não é o único problema que pode ser associado a uma alimentação disfuncional.
Distúrbios alimentares, anorexia, bulimia e o transtorno alimentar restritivo são frequentes e podem causar sérios danos à saúde física e emocional, elevando índices importantes para a saúde do corpo, como os de colesterol e triglicérides.
A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade mostrou que a taxa de mortalidade em pacientes com transtornos alimentares é significativamente elevada.
Existem ainda outros desafios que os profissionais de nutrição enfrentam. Estudos mostram, por exemplo, que as pessoas adoecem mais por não incluírem alimentos saudáveis em sua dieta do que devido ao que comem.
Porém, se atualmente tantas pessoas têm informações sobre a alimentação saudável e prática de exercícios físicos, por que temos uma população obesa e com tantas doenças crônicas? É neste ponto que entendemos a importância da abordagem comportamental.
Qual é a importância de uma abordagem comportamental da nutrição?
Quando preparamos um prato de comida, estamos buscando muito mais do que suprir necessidades físicas para a sobrevivência.
Na escolha dos nossos alimentos está tudo aquilo que somos. Experiências que vivemos, recordações, traumas. Buscamos muitas vezes aconchego, trazer à tona bons momentos e boas recordações.
Não existem dúvidas quanto à relação do comportamento com o alimento. Mas como esse conhecimento se aplica à abordagem nutricional?
Primeiramente, ela deve ser feita por um profissional da área e com o acompanhamento médico adequado. Alguns passos garantem a boa aplicação do conhecimento que envolve práticas terapêuticas.
Em uma conversa, o indivíduo deve contar um pouco de seus hábitos. Esse é um momento importante para identificar possíveis práticas alimentares inadequadas.
Quando falamos do que é inadequado na alimentação, o que vem à sua mente? Apenas quanto comemos? Na verdade, tudo que está ligado ao momento da refeição tem um papel muito importante.
A falta de horários regulares para as refeições pode afetar tanto quanto a escolha dos alimentos quanto a quantidade consumida. Até mesmo o local onde a pessoa come e outros estímulos ambientais (como a televisão ligada) interferem na qualidade da alimentação.
Sem percebermos, esses comportamentos tiram a nossa atenção sobre o que estamos comendo ou quanto alimento ingerimos. Assim, muitas pessoas consomem quantidades excessivas de alguns nutrientes, enquanto sua dieta se torna pobre em outros.
Qual as emoções afetam o comportamento e a alimentação?
Também é importante ficar atento ao hábito de comer compulsivamente. Sabe aquela fome que vem como uma válvula de escape e faz você usar a alimentação para amenizar o estresse, a depressão, a ansiedade e outras emoções, sejam elas agradáveis ou não?
Pode ser que você tenha percebido algum hábito prejudicial na maneira como se alimenta. Mais do que o aconselhamento nutricional clássico, a nutrição comportamental estimula o indivíduo a identificar as associações que estabelece entre seu estado emocional e a comida.
Além de identificar problemas relacionados à alimentação, essa área promove a reflexão e a identificação dos comportamentos alimentares.
Depois de identificado o problema, é hora de trabalhar com ele. Dependendo do grau e do contexto que precisa ser trabalhado, é possível buscar apoio de médicos, nutricionistas, psicólogos e terapeutas.
É importante destacar que o tratamento não vai envolver apenas a mudança da dieta, mas também trabalhar os conflitos emocionais que são vivenciados pelas pessoas, antes mesmo de receitar dietas e exercícios físicos.
Como a nutrição comportamental aborda a reeducação e a restrição?
Depois que é diagnosticado com comportamentos alimentares inadequados, o indivíduo deve estabelecer um objetivo em sua mudança de hábitos.
O que você precisa mudar na maneira de se alimentar? Precisa comer alimentos mais saudáveis? Reduzir o consumo de açúcar e alimentos gordurosos?
Isso faz parte da reeducação alimentar. Diferente da restrição que as dietas comuns apresentam na busca pela perda de peso, a reeducação envolve a escolha da mudança de pensamento, do controle das emoções e análise dos comportamentos.
Reeducar-se na maneira de comer é tão importante quanto cuidar da sua saúde emocional. Isso proporciona um melhor desempenho do corpo e da mente.
A nutrição comportamental garante uma melhor saúde física e também emocional. Que tal escolher hoje buscar mais conhecimento para cuidar ainda mais da sua saúde? Assine nossa newsletter. Preparamos um conteúdo muito especial para você. É só clicar no banner abaixo.