Ao contrário do que muitos acreditam, nosso cérebro também regenera células e pode mudar seu funcionamento de acordo com o nosso comando. Descubra como esta neuroplasticidade ajuda você a mudar hábitos.
Até pouco tempo atrás, a incapacidade de regeneração do cérebro era considerada um fato científico. Entre especialistas, a frase era “neurônio perdido, jamais reconstituído”.
Embora não possamos negar que o prejuízo de perder neurônios é muito maior do que o de perder grande parte dos outros tipos de células, felizmente hoje a Ciência reconhece que a frase estava errada.
Já faz alguns anos que os cientistas têm reconhecido a nossa neuroplasticidade como uma capacidade ímpar, que nos favorece tanto diante de lesões cerebrais quanto em mudanças muito mais rotineiras do dia a dia.
Neste artigo, nós vamos explicar o que é a neuroplasticidade cerebral e como ela pode ajudá-lo na mudança de hábitos. Confira!
O que é neuroplasticidade?
Existem diversas definições de neuroplasticidade, embora todas elas usem palavras diferentes para chegar ao mesmo conceito: nosso cérebro é capaz de se modificar.
A neuroplasticidade, ou plasticidade cerebral, é a capacidade que o cérebro tem de se reorganizar e se adaptar ao longo do tempo.
Isso acontece em resposta a novas informações, desenvolvimento, aprendizado, experiências ou em reação a danos e lesões cerebrais.
Tradicionalmente, a Ciência ensinava que as mudanças no cérebro só poderiam ocorrer durante a infância. Portanto, quanto a pessoa alcançava a idade adulta, o cérebro se tornava fixo e inalterável.
No entanto, nos últimos anos, as pesquisas têm mostrado que o cérebro é capaz de formar novas conexões neurais e reorganizar as existentes ao longo de toda a vida.
Qual é a importância da neuroplasticidade?
A princípio, a capacidade neuroplástica do cérebro é uma excelente notícia para pessoas que sofreram lesões cerebrais.
Afinal, se uma área do cérebro é danificada, outras áreas podem, muitas vezes, assumir algumas das funções perdidas por aquela região.
Portanto, em vários casos de lesões, a pessoa consegue recuperar, parcial ou totalmente, a capacidade de andar, falar, executar movimentos com mais precisão e assim por diante.
Porém, a neuroplasticidade não é importante apenas nessas situações adversas. Ela também possibilita a aprendizagem, memória, formação e mudança de hábitos ― funções fundamentais para todos nós.
A neuroplasticidade permite que o cérebro se adapte e mude com novas informações e experiências. Isso significa que você não precisa ser escravo dos seus hábitos atuais pelo resto da vida.
Finalmente, a neuroplasticidade está sendo explorada como base para tratamentos de uma série de condições neurológicas e psiquiátricas, como doença de Alzheimer, depressão, ansiedade, esquizofrenia, entre outras.
Como a neuroplasticidade ajuda você a mudar hábitos?
Provavelmente, você tem alguns hábitos que deseja eliminar. Afinal, quando analisamos melhor nosso estilo de vida, geralmente percebemos que fazemos alguma coisa que prejudica nossa saúde.
Por outro lado, também existem hábitos que desejamos adquirir. Quem nunca desejou praticar mais atividades físicas, ler diariamente, dormir a quantidade adequada de horas ou ter foco durante o período destinado à produção?
Então, selecionamos algumas dicas que vão ajudar você a usar a neuroplasticidade para melhorar suas “configurações cerebrais” e favorecer a mudança.
Repita até automatizar
Você sabe como um hábito se forma? Um hábito nada mais é do que um comportamento automático, algo que você já faz sem pensar.
Imagine que você tem uma casa no campo. Entre a sua varanda e um lago que está um pouco à frente, existe uma pequena mata.

A princípio, chegar ao lago é difícil. Afinal, existem plantas ali, galhos… Porém, se você passa por esta pequena mata todos os dias, sempre no mesmo lugar, concorda que começa a se abrir uma trilha ali?
Primeiro, as plantas onde você pisa ficam amassadas no chão. Depois, com o tempo, elas morrem nesta área e o solo fica descoberto, formando uma trilha.

Em nosso cérebro, acontece um processo semelhante. Para que uma decisão se transforme em ação, os impulsos elétricos precisam percorrer um “caminho” formados por um grupo específico de neurônios.
Então, quando nós realizamos aquela ação diversas vezes, a conexão entre esses neurônios vai se fortalecendo, formando um “caminho” que torna o nosso esforço para produzir aquele comportamento cada vez menor.

Por isso, os seus primeiros dias de dieta ou de academia podem ser extremamente difíceis. No entanto, se você insiste no processo, ao longo de poucos meses, essas ações serão automáticas, exigindo cada vez menos esforço consciente.
Isso é o que nós chamamos de hábito.
Comece pequeno
Mudar um hábito geralmente é mais eficaz quanto você começa com pequenas alterações e gradualmente aumenta a amplitude das suas ações.
Quando tentamos muitas mudanças drásticas de uma vez, é possível que você se sinta sobrecarregado e desanimado. Afinal, o cérebro tem que realizar muito esforço.
Quando se trata de alimentação, por exemplo, é importante fazer uma ou outra alteração, e preferencialmente adicionando antes de tirar.
Então, uma boa alternativa é vou colocar três verduras de cores diferentes no meu prato na hora do almoço, todos os dias. Somente depois que se habituar a isso, retire algum item do seu prato.
O mesmo vale para deixar o açúcar. A vontade de comer doces pode ter várias causas além do hábito. Por isso, é importante dar ao seu organismo as condições para que essa alteração seja menos complicada.
Para não morrer de vontade e desistir na primeira tentação, faça o processo contrário. Comece adicionando frutas, alguns alimentos amargos, um pouco mais de proteína, para então tirar o açúcar.
Estimule a neuroplasticidade
A neuroplasticidade existe e isso é um fato. Porém, alguns cérebros são mais adaptáveis que outros porque a pessoa, conscientemente ou não, estimula essa adaptabilidade.
Uma forma de fazer isso é por meio de novos aprendizados. Aprender a tocar um instrumento musical, um novo idioma, ler sobre temas desconhecidos ou realizar desafios faz com que seu cérebro esteja ainda mais disposto a se adaptar.
Cuide de sua saúde mental
Estresse, ansiedade e depressão afetam negativamente o cérebro e prejudicam a neuroplasticidade. Na verdade, esses transtornos cristalizam um padrão de pensamento que não é benéfico para nossa saúde física e mental.
Portanto, cuidar da sua saúde mental é um componente importante para estimular a neuroplasticidade. E como nós sempre destacamos em nossos conteúdos, cérebro e corpo não são entidades separadas.
Então, o cuidado com a saúde mental envolve a nossa alimentação, prática de atividade física, sono de qualidade, evitar substâncias psicoativas, entre outras atitudes que interferem em nosso bem-estar.
E você, já sabia que seu cérebro tem esta capacidade de se adaptar? Gostou do conteúdo? Siga-nos também no Instagram para acompanhar as novidades!