Sabe-se que as bactérias que povoam nosso intestino interferem em nossas condições de saúde física e mental. O que comemos faz toda a diferença no cuidado com o corpo. Atualmente, a Ciência conseguiu comprovar que a dieta vegetariana altera a microbiota intestinal. Mas isso é uma boa notícia ou um risco?
O trato gastrointestinal humano, principalmente o cólon, é densamente povoado por bactérias, fungos e vírus. Esse ecossistema que faz parte do ser humano recebe o nome de microbiota intestinal.
A estimativa é que existam 100 trilhões de microorganismos na microbiota intestinal, um número dez vezes maior que a quantidade de células humanas. Muitos estudos indicam que a microbiota do intestino desempenha um papel muito importante na saúde, inclusive no que se refere à prevenção e tratamento de transtornos mentais.
Cada pessoa tem uma composição única desses organismos. Parte é geneticamente definida, mas também influenciada por outros fatores como o modo de nascimento (cesária ou parto normal), amamentação, uso de antibióticos e idade. Porém, além desses fatores, a alimentação tem um papel muito importante.
Como esse assunto tem sido cada vez mais estudado, hoje em dia muitos médicos entendem que equilibrar a microbiota intestinal é a chave para solucionar muitos problemas de saúde.
Qual é o papel da dieta vegetariana nessa equação? O quanto ela influencia nossa microbiota intestinal? Esse resultado é positivo ou negativo. Descubra a seguir!
Como a dieta vegetariana altera a microbiota intestinal
Sempre falamos da importância de uma alimentação saudável para nutrição do corpo e prevenção de doenças. A alimentação vegetariana ou vegana traz muitos benefícios para a saúde, principalmente quando se trata do cuidado com a microbiota intestinal.
Pessoas que consomem carne têm maior probabilidade de ter o trato gastrointestinal colonizado por bactérias que criam um ambiente favorável para doenças cardíacas e distúrbios metabólicos.
A síndrome metabólica, apesar de não ser considerada uma doença, representa o principal fator de risco para o desenvolvimento de outras enfermidades como diabetes, problemas cardiovasculares e outras doenças crônicas.
O risco de desenvolvimento destas doenças está diretamente ligado a dietas ricas em gorduras e pobres em fibra. Por isso, as dietas vegetarianas parecem proteger contra essas doenças.
Para descobrir os efeitos dos nossos hábitos alimentares nas bactérias da nossa microbiota intestinal, uma pesquisa analisou as espécies bacterianas da flora intestinal de 268 brasileiros.
Entre os estudados estavam vegetarianos estritos, ovolactovegetarianos (aqueles que não consomem carne vermelha, frango ou peixe, mas ingerem laticínios e ovos) e omnívoros, que incluem tanto alimentos vegetais quanto animais em seu cardápio.
Foram analisados os estados inflamatórios, resistência à insulina e seu risco cardiovascular. A obesidade era nitidamente mais comum entre os omnívoros do que entre os vegetarianos, seguindo eles uma dieta restrita ou não. Eles também apresentaram mais sinais de pré-diabetes e hipertensão arterial.
Os autores observaram uma série de marcadores inflamatórios. Enquanto os vegetarianos apresentaram um índice menos grave nesses indicadores, os omnívoros apresentaram um alto grau de inflamação.
A análise da microbiota intestinal dos pesquisados mostrou que os vegetarianos estritos transportavam mais bactérias anti-inflamatórias, o que não acontecia com as pessoas que consomem alimentos de origem animal.
Comer alimentos de origem vegetal com muitas fibras modifica para melhor a composição da microbiota intestinal, ou seja, isso alimenta o tipo certo de bactéria.
Os benefícios de uma dieta vegetariana para o organismo
Um estudo liderado pela Dra. Hana Kahleova, Ph.D. médica e diretora de pesquisa clínica no Physicians Committee for Responsible Medicine (PCRM), nos Estados Unidos, mostrou os benefícios do consumo destes alimentos vegetais.
A bactéria Fecalibacterium prausnitzii é produtora de ácidos graxos de cadeia curta e oferece muitos benefícios metabólicos. Entre eles estão a perda ponderal, o aumento da sensibilidade à insulina e a redução de gordura, inclusive a tão perigosa gordura visceral.
Para chegar a esses resultados, o estudo foi realizado com 148 adultos com sobrepeso ou obesidade. O objetivo foi modificar a alimentação de parte dos pesquisados que agora deveriam seguir uma dieta vegana com baixo teor de gordura.
A alimentação vegana não contém produtos de origem animal, tendo como base o consumo de legumes, nozes, vegetais, frutas, cereais e grãos integrais. Após 16 semanas foram analisados alguns resultados metabólicos.
Ao avaliar a composição da microbiota intestinal daqueles que seguiram a dieta, constatou-se que toda a família de bacteroidetes apareciam em maior quantidade. Essas são as bactérias “do bem” que fazem parte da composição bacteriana intestinal.
Uma espécie de bactéria considerada especialmente importante, a Fecalibacterium prausnitzii, aumentou significativamente no grupo que seguiu uma dieta vegana.
Quer saber a influência desse número de bactérias para a saúde? A Fecalibacterium aparece em contagens baixas em pacientes que têm diabetes. Esse dado é associado à resistência à insulina e à inflamação.
Essa bactéria também produz ácidos graxos de cadeia curta que promovem muitos benefícios metabólicos como a prevenção das doenças cardiovasculares e efeitos positivos no sistema imunitário.
Estes ácidos graxos de cadeia curta são produzidos por estas bactérias que se alimentam das fibras residuais da alimentação de origem vegetal. No alimento vegetal, elas não encontram sua fonte de alimento e essa população diminui.
Portanto, quando comemos vegetais, ingerimos mais fibras. Consequentemente, a colônia dessas bactérias aumenta. O resultado é a proteção do organismo contra uma série de doenças.
Importância da microbiota intestinal para a saúde
As bactérias têm um papel fundamental. Elas estão envolvidas na digestão de alimentos, síntese de vitaminas, regulação energética e produção de ácidos graxos de cadeia curta, além de atuar na proteção contra patógenos e na modulação do sistema imune.
A pesquisadora Ana Carolina Franco de Moraes avaliou a microbiota intestinal de 300 pessoas participantes do estudo matriz, chamado ADVENTO. O estudo foi defendido como tese de doutorado pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.
A microbiota intestinal analisada indicou que os vegetarianos apresentaram uma colonização bacteriana mais favorável. Isso influencia o perfil de risco cardiometabólico.
As dietas ocidentais e onívoras estão mais relacionadas a uma maior ingestão de gorduras saturadas e de proteínas altamente complexas.
Já as dietas vegetarianas ou vegetarianas estritas possuem uma maior ingestão de fibras solúveis presentes em frutas, vegetais, cereais e proteínas de quebra mais simples.
O resultado de uma boa dieta influencia até mesmo o tempo de vida. Os vegetarianos apresentam maior expectativa de vida em decorrência da dieta ingerida por eles com menor percentual de gordura.
Agora que você sabe como a dieta vegetariana altera a microbiota intestinal de forma positiva, que tal encontrar novas maneiras de cuidar melhor do seu corpo e da sua mente? Preparamos uma newsletter com muitas informações para você, para assinar é só clicar no banner abaixo!