O ser humano é um grande e complexo sistema bioquímico. Nossas células são compostas por substâncias e dependem da interação com muitos outros elementos para seu funcionamento perfeito. Quando entendemos esse princípio, percebemos o quanto o que comemos interfere na nossa saúde e, consequentemente, é possível estabelecer também uma relação entre depressão e alimentação.
Pense no seguinte: o conteúdo do nosso prato não serve apenas para saciar a fome. É por meio da comida que oferecemos ao organismo um conjunto de nutrientes necessários ao seu bom funcionamento. Quando a alimentação é adequada, ela fornece essas substâncias na quantidade ideal para manter o sistema em equilíbrio. O resultado é a saúde.
Mas será que a alimentação tem um papel importante também na manutenção saúde mental? Qual é a influência da composição do nosso prato em um quadro depressivo, por exemplo? É isso que você vai descobrir neste artigo. Então, continue a leitura!
Qual é a relação entre depressão e alimentação?
Geralmente, as pessoas não associam naturalmente depressão e alimentação. O tratamento mais convencional inclui medicamentos e psicoterapia. Porém, estudos recentes têm apontado uma estreita relação entre o que comemos e nosso estado mental. Veja alguns exemplos!
Alimentos promotores do estresse e do humor
Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha analisou os hábitos de 200 pessoas. Em 88% dos casos, a mudança na dieta amenizou sintomas de transtornos mentais como ataques de pânico, ansiedade e depressão.
A partir desse estudo, os pesquisadores classificaram os alimentos entre “promotores do estresse”, que pioram o funcionamento da mente, e “promotores do (bom) humor”, que melhoram nosso estado mental.
Porém, é importante destacar que os alimentos promotores do humor não são, necessariamente, aqueles que nos provocam imediatamente a sensação de bem-estar. Açúcar, cafeína, chocolate e álcool, por exemplo, que geralmente são usados para relaxar, proporcionar conforto ou aliviar os sintomas de TPM, são os principais promotores do estresse.
Já os alimentos promotores do humor são extremamente simples. Os pesquisadores conseguiram apurar que o consumo de água, verduras e frutas melhoram nosso estado mental e funcionamento do cérebro. Portanto, eles atuam como fatores importantes no combate à depressão.
Outros estudos comprovam essa teoria. Desde 2014, uma publicação que analisou uma série de dados encontrou uma alta associação entre depressão e uma dieta rica em açúcares e bebidas adoçadas, grãos refinados e carne vermelha.
Açúcar, índice glicêmico e depressão
O Dr. Benício Pereira, que pauta sua atuação nos princípios da Medicina do Estilo de Vida, destaca que nos últimos anos surgiram diversos estudos associando o consumo de açúcar e de alimentos com alto índice glicêmico ao desenvolvimento de transtornos mentais.
Ele afirma que “quanto maior a glicemia, quanto mais alto o nível de açúcar não controlado, maior é a possibilidade de desenvolver um transtorno depressivo. Dietas com alto índice glicêmico aparecem como um grande fator de risco para a depressão.”
Outro ponto que vale a pena destacar, ainda segundo o médico, é a relação entre a glicemia elevada e as disfunções cognitivas. “Muitas pesquisas mostram que, quando os níveis de açúcar no sangue estão fora de controle, pensar acertadamente fica mais complicado”, afirma o Dr. Benício.
Depressão e alimentação no combate à inflamação crônica
Existe ainda um outro fator que estreita a relação entre depressão e alimentação. Segundo Vicent Balanzá, professor de psiquiatria e psicologia médica da Universidade de Valência, as pessoas com transtornos mentais também se encontram em um estado de inflamação sistêmica crônica.
Por isso, ele afirma que mudanças na alimentação são necessárias para corrigir a inflamação relacionada às doenças psiquiátricas. Dessa forma, é possível evitar o desencadeamento da depressão ou mesmo sair da crise utilizando a nutrição como uma das principais aliadas nesse processo de recuperação.
Qual é a alimentação ideal para evitar e combater a depressão?
Voltando ao estudo realizado na Grã-Bretanha, os pesquisadores ressaltam que os melhores alimentos para combater a depressão são os mais simples, como frutas, legumes e verduras. Essa é a principal razão para que eles ocupem uma grande parte do nosso prato, com sua diversidade de cores e sabores.
E por que tanta ênfase nos vegetais? A razão para isso é a quantidade de nutrientes e vitaminas que esses alimentos possuem. Uma pesquisa demonstrou o papel de uma série de vitaminas e minerais no tratamento de pessoas com transtornos mentais e doenças psiquiátricas como depressão, ansiedade, autismo e fadiga, entre outras condições clínicas.
Essa é uma das explicações para a ênfase nos vegetais como recursos nutricionais para combater a depressão. Ao contrário de muitos produtos industrializados, que possuem muitas calorias e poucos nutrientes, o consumo variado de verduras, legumes e frutas garantem o suprimento das vitaminas e minerais que nosso corpo precisa.
Outros estudos relacionam também os níveis de vitamina C com o nosso humor, ressaltam a importância do ômega 3 para a saúde mental, defendem a manutenção dos carboidratos não refinados no cardápio, bem como o consumo de fibras e flavonoides para melhorar a cognição e combater os transtornos mentais.
Portanto, basta aplicar dois princípios básicos para uma alimentação saudável:
- retirar do cardápio os produtos que causam inflamação e prejudicam o funcionamento mental, como o açúcar, gorduras saturadas ou industrializadas, bebidas adoçadas, carnes (especialmente as vermelhas);
- basear o cardápio em verduras, legumes, frutas, cereais integrais e fontes naturais de gorduras boas, como o coco e abacate, linhaça (e não os óleos derivados desses alimentos).
Qual é a importância de mudar a alimentação para combater a depressão?
É importante destacar que a alimentação não pode ser considerada o único recurso para combater a depressão. Essa é uma doença que tem múltiplas causas genéticas, biológicas e psicológicas. No entanto, o alimento é um dos fatores que desencadeiam o problema.
Como nossa equipe clínica sempre destaca, é fundamental adotar um novo estilo de vida e adequar nossos hábitos aos fatores de saúde: o consumo de água, ar puro, exercício físico, luz solar, equilíbrio, repouso, fé e espiritualidade.
Portanto, a saúde plena — inclusive na esfera mental — envolve uma mudança de hábitos. Entre esses aspectos, a alimentação tem um papel extremamente importante.
A alimentação é tão relevante nesse processo de cura que Stacey Cornish e Lewis Mehl-Madrona, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Saskatchewan, no Canadá, afirmam que:
Micronutrientes como as vitaminas mencionadas no estudo podem desempenhar um papel benéfico no tratamento de diversas doenças psiquiátricas. Conforme os pesquisadores investigam a eficácia da cura por meio da nutrição, mais e mais informação será disponibilizada para aqueles que desejam ter opções mais naturais de tratamento. Assim, espera-se que a terapia nutricional, que atualmente é vista como um método alternativo, deixe de ser alternativo.
Nessa última frase, a ideia é de que a mudança de hábitos alimentares não atua como coadjuvante no processo de restauração da saúde mental. A alimentação não é o único recurso, mas com certeza desempenha um papel de destaque na prevenção e combate à depressão.
E agora, entendeu qual é a relação entre depressão e alimentação? Está pronto para mudar seus hábitos vencer essa doença? Quer saber mais sobre esse assunto e fazer do seu cardápio uma fonte de saúde? Assine a nossa newsletter e receba conteúdos imperdíveis para mudar seu estilo de vida e ter a saúde plena como recompensa.
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