A demência frontotemporal, quadro com o qual o ator Bruce Willis foi diagnosticado, não é o tipo de demência mais comum. Porém, ela afeta pessoas relativamente jovens. Aprenda a identificá-la.
Ele sempre foi saudável, famoso e participou de inúmeros filmes, especialmente de ação. O porte atlético chamava a atenção.
Fora dos holofotes, nem todas as facilidades de uma vida repleta de todos os recursos possíveis impediram que o ator Bruce Willis fosse diagnosticado com uma condição bastante séria ― a demência frontotemporal.
Porém, o anúncio da família de Bruce Willis apenas traz à luz um problema sério, que afeta pessoas relativamente jovens. Afinal, a demência frontotemporal é o tipo mais comum de demência entre pessoas de até 60 anos.
Sim, a doença pode e costuma aparecer cedo, inclusive quando as pessoas ainda estão em plena idade produtiva. A maior parte dos diagnósticos ocorre entre os 45 e 64 anos.
Como você pode ver, ser relativamente jovem não impede o diagnóstico de um quadro de demência frontotemporal. Então, é importante conhecer sintomas do problema e saber como evitá-lo.
O que é a demência frontotemporal?
A demência frontotemporal, conhecida também pela sigla DFT, é um quadro que envolve uma série de perdas decorrentes de danos em células do cérebro, especificamente no lobo frontal e no lobo temporal.
Essas áreas do cérebro são responsáveis por nosso raciocínio, emoções, comportamento, fala e compreensão da fala, entre outras funções, como você pode ver na imagem abaixo:
Portanto, perdas nos lobos frontal e temporal levam a mudanças no comportamento, personalidade e humor do indivíduo.
Elas causam ainda perda de memória, dificuldade para execução de funções normais (como a fala), confusão mental, entre outras.
Aos poucos, essas perdas dificultam a capacidade de julgamento do indivíduo e até mesmo a execução de tarefas diárias como, trabalho, locomoção, autocuidado etc.
A demência frontotemporal não é considerada um diagnóstico único, pois pode abranger ou não diversas áreas do cérebro, comprometendo diferentes funções e comportamento.
Portanto, ao diagnosticar o problema, é possível que o médico o denomine apenas demência frontotemporal.
No entanto, ele pode tratar do quadro de forma mais específica, de acordo com as áreas que esta demência afeta:
- variante comportamental da demência frontotemporal: altera funções relacionadas ao pensamento, planejamento e execução;
- demência semântica: afeta a área da linguagem, especialmente a interpretação do significado da fala;
- afasia progressiva primária não fluente: afeta a capacidade de fala do paciente, lembrança e articulação de palavras e frases;
- demência frontotemporal associada a dificuldades motoras: afeta a coordenação, equilíbrio, movimentação, locomoção.
Qual é a causa da demência frontotemporal?
Existem diversos tipos de demência, e a demência frontotemporal é apenas uma delas. No caso da DFT (ou FTD, em inglês), os lobos temporal e frontal são afetados pelo acúmulo de determinadas proteínas (TAU, TDP-43 e FUS).
Quando essas proteínas se acumulam nas células do cérebro, elas causam uma série de danos e podem, inclusive, levá-las à morte.
As mudanças no comportamento, personalidade e demais funções cognitivas se manifestam à medida que esse acúmulo de proteínas se espalha pelas diversas partes dos lobos frontal e temporal.
Portanto, assim como acontece em indivíduos com o Mal de Alzheimer, a pessoa se torna cada vez mais dependente de sua família para realizar atividades simples do dia a dia.
Como identificar a demência frontotemporal?
No caso do ator Bruce Willis, a família já havia anunciado seu afastamento da indústria do cinema devido a uma afasia (dificuldade na fala) em março de 2022.
Segundo relatos daquele período, o ator começou a apresentar uma fala arrastada, o que prejudicava sua atuação.
No entanto, essas dificuldades com a fala progrediram e demonstraram ser apenas um dos muitos sintomas da demência frontotemporal, agora já diagnosticada.
Os sintomas variam, inclusive, de acordo com as áreas mais afetadas pela DFT (semântica, afasia, motora, comportamental). Vale a pena conferir esses sinais e ficar atento:
Demência frontotemporal com maior prejuízo na área semântica
Devido aos danos na área do lobo temporal que processam a compreensão da linguagem e conhecimento fatual, as pessoas com este problema começam a se esquecer das palavras.
Além da dificuldade para falar, elas ainda se esquecem de conceitos importantes para suas atividades diárias, sendo altamente prejudicadas.
Afasia progressiva primária não fluente
A afasia progressiva primária não fluente acontece quando a demência afeta diretamente as áreas do cérebro que controlam o discurso.
Portanto, a pessoa tem dificuldade para encontrar a palavra certa durante conversas normais e não consegue expressar seu pensamento em frases mais elaboradas ou até mesmo simples.
Demência frontotemporal com comprometimento motor
O comprometimento motor pode afetar tanto a locomoção quanto a realização de movimentos muito básicos, como abotoar uma peça de roupa ou levar comida à boca.
Ela também pode dificultar o ato de engolir, o que exige uma supervisão atenta ao indivíduo durante as refeições, pois pode colocá-lo em risco.
Os músculos ficam cada vez mais rígidos e fracos.
Variante comportamental da demência frontotemporal
É possível que, para quem convive com uma pessoa que apresenta demência frontotemporal, a variante comportamental seja a mais desafiadora.
Nesta condição, ocorrem mudanças significativas de atitudes, o que pode incluir comportamentos inapropriados, impulsividade e até mesmo manifestações sexuais consideradas ofensivas.
As pessoas podem perder o interesse em atividades que gostavam ou desenvolver obsessões e comportamentos compulsivos.
Ocorrem grandes mudanças nas próprias emoções ou a dificuldade para reconhecer sinais de que o outro está apresentando uma determinada emoção. É uma incapacidade para “ler” o estado emocional.
O comprometimento no lobo frontal prejudica muito a capacidade de raciocínio, julgamento e consequentemente, tomada de decisão.
Finalmente, os danos afetam também a memória, atenção e a capacidade de reconhecer objeto e associá-los às suas funções.
Frontotemporal dementia is a progressive disease. Over time symptoms get worse and someone will require more support to look after themselves and with day-to-day activities. The speed of change in symptoms can vary widely from person to person.
É possível evitar a demência frontotemporal?
Esta é uma pergunta bastante delicada, pois não há estudos que comprovam uma relação direta de causa e efeito na maioria dos casos de demência frontotemporal.
Sabe-se que 1 a cada 3 indivíduos com diagnóstico de demência frontotemporal tem histórico familiar desta condição. Este número aumenta para 2 em cada 3 quando se trata apenas da variante comportamental.
Algumas pesquisas mostram a relação entre determinados genes e a manifestação de demência frontotemporal. Porém, segundo a Alzheimer`s Research UK, esta relação não explica a maioria dos casos.
Na maioria dos diagnósticos, não existe uma predisposição genética associada ao caso. Portanto, entende-se que o quadro é causado por outros fatores, ainda não identificados claramente.
Atualmente, diversos pesquisadores têm estudado como a tireoide e a insulina podem atuar no corpo no início da doença.
Porém, essas pesquisas ainda estão em fases muito elementares e é preciso obter e analisar mais dados para chegar a uma conclusão neste sentido.
Como esses fatores não são claros, os pesquisadores recomendam que as pessoas tomem os cuidados básicos para manter uma boa saúde cerebral.
Portanto, eles orientam que a pessoa mantenha-se fisicamente ativa, não fume, mantenha o colesterol e pressão arterial sobre controle, alimente-se de forma saudável, evite o álcool e mantenha um peso adequado.
• don’t smoke
• keep cholesterol and blood pressure under control
• be active daily and exercise regularly
• maintain a healthy weight
• eat a healthy balanced diet
• drink fewer than 14 units of alcohol per week.
E você, já conhecia a demência frontotemporal? Conhece alguém que está apresentando alguns desses sinais ou tem uma preocupação com esse tema?
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