Desde 2021, a Anvisa autorizou o uso e venda de melatonina no Brasil, mas em doses limitadas. Mas será que realmente vale a pena tomar este hormônio?
Dormir — ou melhor, não dormir — é um problema para mais da metade dos brasileiros.
Um estudo realizado pela USP e pela UNIFESP concluiu que 65,5% da nossa população relata os mais variados problemas relacionados ao sono.
Dormir mal ou ter dificuldade para dormir pode ter vários motivos. Em alguns casos, a pessoa não consegue ter um sono de qualidade por fatores orgânicos, por sentir dor.
Outras vezes, a causa do problema é uma pessoa que dorme ao lado, que ronca muito e que atrapalha o sono do companheiro.
Finalmente, não podemos nos esquecer de outros fatores comportamentais e até sociais que alteraram o padrão de sono das pessoas nos últimos tempos.
Entre eles, podemos destacar o uso excessivo de telas, a manutenção de ambientes claros após o entardecer, preocupação com problemas como a pandemia e até mesmo inseguranças de ordem econômica.
E se um medicamento jogasse todos esses problemas para baixo do tapete e simplesmente garantisse horas de sono mais tranquilas? Não seria esta a solução?
Esta é a proposta da melatonina, um hormônio vendido em outros países há vários anos, mas que só foi liberado no Brasil pela Anvisa em 2021, e em baixas doses.
Quer saber mais sobre este hormônio e se vale a pena usá-lo para dormir melhor? Continue a leitura!
Produção natural de melatonina pelo corpo
Nosso organismo produz melatonina naturalmente. Trata-se de um hormônio secretado pela glândula pineal, que se localiza bem no centro do cérebro.
Porém, em nosso corpo, a liberação deste hormônio do sono está diretamente relacionada a eventos inevitáveis — o nascer e o por do sol.
Assim, à medida que começa a clarear, o corpo reduz gradualmente a produção do hormônio do sono até pará-la.
Ao entardecer, o organismo começa a se preparar para produzi-la, o que acontece em sua total capacidade à noite.
Tudo ocorre em perfeito equilíbrio. Quando a melatonina cai, o cortisol aumenta, que é para nos despertar e dar energia para as atividades do início do dia.
À noite, aumentam os níveis de melatonina para que nos sintamos sonolentos e descansemos.
Porém, a melatonina não só nos dá a sensação de sono. Ela sinaliza o momento de descanso, o tempo, os ciclos de 24 horas para todos os órgãos como o fígado, estômago e até para o metabolismo.
Melatonina como remédio ou suplemento
Observando essa relação entre ciclo circadiano, melatonina e sono, esse hormônio passou a ser comercializado fora do Brasil.
Nos Estados Unidos, por exemplo, ela é utilizada como um medicamento para insônia há vários anos. Enquanto isso, a Anvisa se mantinha resistente à liberação.
Em 2021, essa espera pela liberação acabou. A Anvisa não só permitiu a comercialização como caracterizou a melatonina como suplemento.
Isso significa que, para comprá-la, a pessoa não precisa de prescrição médica. Basta ir à farmácia e adquirir o produto.
Controvérsias sobre o uso da melatonina
É neste ponto que começa a polêmica. Afinal, se a melatonina é comercializada há anos, isso não significa que ela é uma substância segura?
Se diversos outros países já permitiam a comercialização de melatonina, por que no Brasil houve essa resistência tão grande?
Em primeiro lugar, precisamos observar que não existem estudos e diretrizes que apontem que o uso de melatonina pode, de fato, solucionar o problema da insônia.
E isso acontece por vários motivos. O primeiro deles é que não existe um parâmetro que possa determinar se uma pessoa tem níveis normais de melatonina no corpo ou se há um déficit deste hormônio.
É uma situação completamente diferente da vitamina D, em que é possível determinar se há uma deficiência significativa que embase a suplementação.
No caso do hormônio do sono, não existe consenso, não existe uma diretriz específica e não existem nem mesmo exames em larga escala para medir a quantidade de hormônio no organismo.
Também não podemos nos esquecer de que a melatonina não é uma substância inócua. Como todo hormônio, ela tem receptores em várias partes do organismo, podendo alterar o funcionamento de órgãos.
Portanto, entende-se que é necessário cautela antes de sair tomando melatonina para ter uma boa noite de sono.
Inclusive, alguns efeitos deste hormônio são apontados como fatores que exigem esse cuidado.
Efeitos adversos da suplementação de melatonina
Entre os efeitos adversos da melatonina, podemos destacar alguns:
- sonolência diurna;
- cansaço;
- tontura;
- náuseas;
- boca seca;
- irritabilidade;
- pele seca;
- sonhos estranhos;
- sudorese noturna;
- coceiras;
- sensação de ressaca.
Além desses sintomas mais comuns, a suplementação de melanina pode causar outros efeitos sérios como:
- tristeza repentina;
- visão embaçada ou excesso de produção de água na região dos olhos;
- vertigem;
- sangramentos que parecem não parar;
- manchas roxas inexplicáveis;
- sangue na urina.
Vale a pena destacar que nem todas as pessoas que tomam melatonina têm esses sintomas. Porém, quem está considerando adotar o uso precisa estar ciente de que isso pode ocorrer
de melatonina por pessoas com alguma forma de demência, sobretudo se elas não tiverem nenhuma supervisão, já que o risco de queda e desorientação noturna ficam aumentados.
Caso esses sintomas sejam repetitivos ou muito intensos, recomenda-se entrar em contato com o médico que indicou o consumo de melatonina.
Contraindicações da melatonina
Algumas pessoas realmente não podem tomar melatonina, ou porque ela pode gerar consequências mais sérias ou porque ainda não há estudos comprovando que seu uso é seguro para alguns grupos.
Pessoas com demência, por exemplo, não devem usar a melatonina. Elas já ficam desorientadas e, com as tonturas que a melatonina pode causar, elas correm risco de se acidentarem.
Além dessas, a Anvisa informa que a melatonina também é contraindicada para grávidas, lactantes, pessoas com doenças inflamatórias ou autoimunes, com epilepsia, asma, alterações do humor.
Quando a pessoa faz tratamento com qualquer outro medicamento, ela também precisa consultar um médico antes de usar melatonina.
Afinal, é preciso se certificar que a interação entre os medicamentos utilizados e a melatonina não causará a anulação de efeitos ou algum efeito adverso.
Alternativas comportamentais ao uso de melatonina
Pode ser que, após uma avaliação muito criteriosa, o médico recomende o uso de melatonina ao paciente.
Porém, como é possível comprar o hormônio sem prescrição médica, muitas pessoas estão usando por conta própria. Em relação a isso, gostaríamos de fazer um alerta.
Problemas comportamentais não são solucionados com remédios. Problemas comportamentais são resolvidos com mudança de hábitos.
O que estamos dizendo é que nosso corpo é preparado para dormir e acordar de acordo com o ciclo circadiano, ou seja, o ritmo que a natureza estabelece pela presença e ausência de luz solar.
Há alguns poucos séculos nós, seres humanos, criamos dispositivos que alteram essas condições naturais para o organismo.
Nós criamos luzes artificiais que ficam acesas até tarde da noite e ainda ficamos com telas ligadas bem diante dos olhos.
Nós criamos alimentos e bebidas estimulantes, sendo o café apenas um exemplo, e esperamos ter sono ao final do dia.
Nós deixamos de nos expor à luz natural ao longo do dia porque trabalhamos em ambientes fechados.
Nós negligenciamos o exercício físico que deixaria nosso corpo cansado.
Portanto, para a maioria de nós, corrigir esses elementos seria suficiente para reequilibrar a produção de melatonina e proporcionar um sono saudável. A higiene do sono seria o único passo necessário.
Então, a escolha é nossa. Podemos alterar nossos hábitos e fazer o corpo funcionar de forma natural ou optar por substâncias que produzem determinados efeitos sem solucionar a causa dos problemas.
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