Dia 04 de março é o Dia Mundial da Obesidade. Se você pensa que o principal inimigo do obeso é a balança, está muito enganado. Ela não é uma condição estética, mas sim, uma doença crônica que pode levar ao agravamento de outras doenças.
Um estudo do renomado Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta, nos Estados Unidos, foi conduzido por pesquisadores brasileiros e mostrou que aproximadamente 168 mil mortes registradas no país por ano são atribuídas ao excesso de peso, ou obesidade.
Devido à alta incidência, a obesidade é um problema de saúde pública. Ela causa um grande impacto financeiro ao sistema de atendimento à população.
Em 2018 o Sistema Único de Saúde (SUS) alcançou o gasto de 3,45 bilhões de reais com tratamentos e atendimentos relacionados à hipertensão, diabetes e obesidade. No total, 72% dos custos foram com indivíduos que tinham entre 30 e 69 anos de idade.
Como saber se alguém é obeso?
Você sabe como definir se uma pessoa é obesa ou não? O excesso de peso pode ser estimado pelo cálculo do índice de massa corporal (IMC).
Este é o padrão internacional para avaliar o grau de sobrepeso. Ele é calculado dividindo o peso (em Kg) pela altura ao quadrado (em metros).
As pessoas com o IMC alto têm maior disposição a desenvolver doenças crônicas como: diabetes, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e câncer.
A melhor forma de tratar um problema é eliminar suas causas. Porém, no caso da obesidade, isso é um desafio, já que se trata de um problema multifatorial.
Como a obesidade está ameaçando os brasileiros?
Alguns dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 mostraram a mudança do perfil dos brasileiros com relação à obesidade.
Em 2009, 1 em cada 4 adultos brasileiros era obeso. A obesidade entre pessoas com 20 anos ou mais em 2002/2003 era de 12,2%. No ano de 2009 essa porcentagem havia aumentado para 26,8%.
A porcentagem de pessoas com 18 anos ou mais obesas era de 25,9% em 2009, o que totaliza 41,2 milhões de pessoas.
A doença também atinge adolescentes. De acordo com a pesquisa, um em cada cinco brasileiros com idades entre 15 e 17 anos estavam com excesso de peso.
Já a proporção de pessoas com excesso de peso de 40 a 59 anos chegava a 70,3%. O fato é que a obesidade cresce conforme o avanço das faixas de idade, exceto para pessoas com 60 anos ou mais.
Apesar de a obesidade ser um problema complexo e influenciado pela genética, não podemos colocar toda a culpa nela. Afinal, mais importantes que os genes que nós herdamos dos pais são os hábitos que herdamos da família. Eles fazem toda a diferença.
Quais são os fatores que causam a obesidade?
Vamos falar de alguns hábitos que são “vilões” quando o assunto é obesidade, bem como outros fatores que influenciam no peso corporal. Continue a leitura para saber mais!
Alimentação inadequada
Doces, produtos industrializados, fast food, carboidratos refinados. O consumo destes alimentos aumenta a probabilidade de se chegar à obesidade. Evitá-los ou até mesmo não consumi-los é a melhor escolha quando se pensa na saúde do organismo.
Agora, se esses alimentos fazem parte da sua dieta, você pode estar em dúvida sobre o que comer ou como substituí-los.
A regra é ter uma alimentação equilibrada. Os carboidratos, por exemplo, são conhecidos por serem os vilões do emagrecimento. Mas tirá-los por completo da alimentação não é a solução.
Em uma dieta equilibrada eles devem compor 50 a 60% das calorias consumidas em um dia, fornecendo energia para as atividades. Escolher carboidratos saudáveis (integrais, naturais) e cuidar com seu preparo é o caminho para consumi-los corretamente.
Já o açúcar refinado desencadeia uma série de processos prejudiciais para o organismo. Ele faz com que o cérebro libere dopamina, o que é prazeroso, porém viciante e prejudicial.
Para matar aquela vontade de comer um docinho, é melhor optar pelas frutas e alimentos naturais. Assim seu organismo não é prejudicado e você fica longe da obesidade.
Sedentarismo
Vivemos sentados, seja no trabalho, no lazer ou nos estudos. A regra hoje é produzir e nossa rotina nos conduz ao sentar. Passamos a maior parte do nosso tempo em frente a um computador, à TV ou mexendo no celular.
E se você pensa que a única maneira de fugir do sedentarismo é passar horas em uma academia ou praticar algum esporte, está muito enganado. Praticar esse exercício regular é importante, mas movimentar-se ao longo do dia também traz inúmeros benefícios à saúde.
Até mesmo os movimentos simples que realizamos no dia a dia e no trabalho podem evitar que desenvolvamos uma rotina sedentária.
Para a Organização Mundial da Saúde, os indivíduos sedentários são aqueles que não gastam pelo menos 2200 kcal em qualquer tipo de atividade física ao longo de uma semana.
A OMS também afirmou que até 5 milhões de mortes por ano poderiam ser evitadas se a população fosse mais ativa. Segundo as estatísticas, um em cada quatro adultos e quatro em cada cinco adolescentes não praticam atividades físicas suficientes.
Esta inatividade gera um custo em todo mundo de 54 bilhões de dólares em assistência médica e 14 bilhões em perda de produtividade.
Subir escadas ao invés de usar o elevador, ir até algum local a pé e deixar o carro na garagem, ou até fazer uma caminhada em família em algum parque são boas estratégias para fugir do sedentarismo
Estresse
Segundo a Associação Brasileira para o estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), o estresse psicológico contribui para o ganho de peso e obesidade. Uma das causas que levam isso a acontecer é o fato de a ansiedade pode levar ao aumento da ingestão de alimentos, ao controle inadequado do apetite e à compulsão alimentar.
O estudo avaliou a síndrome do comer noturno em estudantes universitários brasileiros. O resultado foi que aqueles que tinham maior nível de ansiedade e sintomas depressivos praticavam mais este tipo de comportamento.
Em casos de obesidade associada ao estresse é importante encontrar a causa desse transtorno mental e tratá-lo adequadamente. Encontrar maneiras de descansar e também o acompanhamento médico necessário é uma boa alternativa.
Genética
Alguns fatores estão relacionados à questão genética da obesidade. Alterações hormonais e neurais, que influenciam os sinais de curto e longo prazo relacionados à saciedade e à regulação do peso corporal normal, são determinados geneticamente.
Também existem evidências de que fatores genéticos podem influenciar o gasto energético, principalmente, a taxa metabólica basal (TMB).
Microbiota intestinal
A microbiota intestinal humana é composta por uma média de 103 a 104 micro-organismos. Eles formam colônias com trilhões de bactérias, um número que supera a quantidade de células humanas. A dieta rica em gorduras provoca um desequilíbrio entre microorganismos benéficos e patogênicos.
A alteração deste equilíbrio afeta também a maneira como o corpo regula o consumo e armazenamento de energia. Portanto, esse é mais um dos fatores que contribuem para a obesidade.
Fatores demográficos e sócio-econômicos
Os fatores sócio-econômicos dos indivíduos influenciam grandemente o desenvolvimento da obesidade.
A falta de conhecimento sobre doenças crônicas como a obesidade e boa alimentação são fatores agravantes em populações de menor renda. Em contrapartida, o fácil acesso a alimentos industrializados também influencia a má alimentação e o crescimento da doença.
Desmame precoce
Um estudo realizado em Munique, na Alemanha, mostrou que o aleitamento materno reduz em 20% a 25% o risco de obesidade. Cada mês de amamentação materna está associado à redução de 4% no risco de desenvolvimento de excesso de peso.
O desmame precoce, assim como a introdução alimentar inadequada, são fatores relacionados à obesidade infantil e também à obesidade na fase adulta.
Para evitar a obesidade é importante estar bem informado e desenvolver hábitos saudáveis. Mas vamos ser sinceros, nem sempre é fácil. Comenta aqui: quais hábitos você herdou que contribuem para o aumento de peso?